Capítulo II
Ninguém é perfeito. Nem Deus, quando criou o homem!
- Olhai - gritou Clarence vedes aqueles muros dizem que foram neles que acabaram aqueles dois loucos. Quase tão loucos como aqueles que agora nos governam. Maldita raça de nobres sem qualquer sentido do dever, demasiado orgulhosos e cegos para verem o sofrimento do povo que lhes obedece.
- Vamos que passar no meio deles? Um bom local para uma emboscada
- É verdade Senhor, mas dificilmente os poderemos evitar! Mas depois de os passarmos estaremos a meio de sair deste deserto.
Adiantaram-se e começaram a passar entre duas grandes paredes que submergiam daquela árida terra. Ainda se notavam algumas torres desfeitas, aparadas pelos ventos, de tempos a tempos desenhavam estranhas figuras como se algum escultor mais paciente, durante uma vida inteira, se entretivesse a lapidar cada centímetro de pedra sobreposta. Nem sinal de vivalma, das ameias e das seteiras sobressaíam os lampejares dos raios de sol que os atravessavam e desenhavam entre si pequenos desenhos fulgentes por entre a poeira do caminho. Em vez de se tornar mais ameno, aqueles muros aumentavam e armazenavam o calor, tornando quase insuportável cada metro.
Nem o burro, nem os dois homens estugaram os seus passos, nem mesmo quando passaram em frente às duas grandes aberturas onde ainda se mantinham pregadas algumas correntes, velhos e grandes gonzos, bem gastos e ferrugentos que deveriam segurar enormes portas de madeira à muito apodrecidas.
Não houve comentários, a grandeza e o lúgubre aspecto daquele local, davam uma sensação pesada e insuportável.
De repente o cavaleiro juntou-se o mais perto que pode do bufarinheiro e entredentes sussurrou:
- Estamos a ser seguidos, alguém está dentro daqueles muros! Acho que vi um vulto a mexer-se Não olhes, nem mostres que o percebeste.
- Deveis ter visto mal! Algum fantasma talvez? Rematou Clarence com um nó na garganta.
- Existe mais alguma abertura nestes muros, Clarence?
- Vários, existem várias aberturas, o tempo foi corroendo os alicerces e de vez enquando abrem-se algumas brechas.
- Julgo que nenhum fantasma arrasta pó nem se esconde. Sabes se a próxima brecha à nossa esquerda fica longe?
- Mais uma boa centena de metros à nossa frente, porque?
- Vais adiantar o burro quando estivermos perto e nós ficaremos bem atrás à espera do nosso fantasma.
- E se ele estiver armado, Senhor?
- Teremos que lutar pelas nossas vidas com as nossas mãos Clarence!
O dono do burro visivelmente preocupado, começou a tentar perscrutar mais longe algum indício do vulto que o cavaleiro dizia ter visto. Ninguém se atrevia a pisar durante muito tempo aqueles terrenos, não sem uma razão muito forte. Ou era um fugitivo ou então um assaltante errático, que decerteza absoluta não sabia das desgraças que acarretava andar por sítios amaldiçoados como aquele.
- Estamos a aproximar-nos devem faltar umas dezenas de metros!
- Faz o que eu te disse Clarence! Faz com o Pedro se adiante mais um bom bocado, ficaremos à espera que alguém apareça
O burro estranhou o toque num dos quartos dado pelo seu dono, mas como animal obediente, alargou o passo e começou um trote mais rápido. Se tivesse olhado para trás ainda mais preocupado tinha ficado, os seus dois seguidores tinham abrandado e tinham propositadamente deixado que ele alargasse a distância entre eles.
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