- O menino mais uma vez anda a roubar o leite à chiba
- Mãe não fui eu foi o Zé António.
- Deixe-se de conversas, o meu filho não fazia uma coisa dessas, eu vou fazer queixa à sua Mãezinha. Peça à Laida que lhe tire o leite da cabra
- Ela não sabe tirar Sabe melhor assim.
- Olhe que a cabra um dia destes manda-lhe uma marrada
- Não manda ela, já mandaram os cabritos.
Num gesto repentino afasto a melena e mostro o galo já amarelecido.
- Zé vai buscar azeite. O João tem um grande galo.
- Não é preciso, Mãe, olha vou ao Sr. Moura! Ainda me falta a broa e o presunto para ficar com o pequeno almoço completo.
- Ó menino, isso é mesmo abusar! Todos os dias a mesma coisa o que é que a sua Mãezinha vai dizer, que eu não lhe dou comida?
Nem lhe dei tempo, subi as escadas, passei a ponte para o lado de lá da eira, virei costas e pelo caneiro fui-me alojar na casa do Sr. Moura.
- D. Maria Adelaide, Ó Tia Adelaide
- Diz Porfírio?
- O fedelho tornou-me a roubar o burro. Esse miúdo é entronchado no Diabo! Se o apanho deixo-lhe o rabo negro.
Enquanto apressadamente se baralhava no sinal da cruz.
-Raisparta a peste do miúdo. Ó Joaozinho, venha cá
- Diz Mãe?
Surgi sem me fazer notar nas dobras do vestido.
- Ouça lá o menino tornou a roubar o burro do Porfírio?
- Eu mãe? Eu era lá capaz de fazer uma dessas? Se calhar foram os ciganos! Eu nunca roubei o burro ao Porfírio.
- Atão não? Da última vez até o trouxe todo molhado! O pobre estava a tiritar de frio. Mais, doutra que eu saiba, o Zé Cigano é que se veio queixar que você lhe tinha roubado o cavalo
- Achado não é roubado! Andavas tu a roubar cerejas no lameiro do Domingos e deixaste o animal sozinho! Eu pensei que se tinha perdido. Para além disso o animal até estava a precisar de um banho! Já agora quando é que tu tomas um? E o Zé Cigano estava na venda do Manel e que eu me lembre foi para casa com uma bebedeira e só deu falta dele no dia seguinte
O Porfírio estrebuchava de raiva. Estava a ver que lhe dava uma coisinha por ali.
- Mas o menino roubou o burro ou não?
- Mãe já te disse, que não, esse mentiroso já foi ver à loja se lá tem o animal?
Começou a correr caneiro abaixo, dobrou a esquina e passado minutos voltou com um sorriso nos lábios.
- Desculpe a chatice Tia Adelaide, mas eu tinha a certeza que o burro tava no lameiro. Para além disso os burros não trancam portas.
Sacana que não ias ficar sem resposta.
- Tás a ver ó Porfírio tens um burro mais inteligente do que tu!
- O menino esteja calado!
- Ouça lá ó Tia Adelaide, mas que idade tem o mafarrico?
- Tem cinco Senhor e numa prece com os olhos virados para o Céu tem cinco! Vê lá se ele aos cinco já nos põe os cabelos em pé daqui a um ou dois como será?
- Eu cá não sei Mãe, mas pelo andar da carruagem, o Porfírio daqui a dois anos já não tem cabelos, a puxá-los dessa maneira
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