Capítulo II
Se algum dia me perguntarem onde estou:
Aqui, por aqui, ali, mais além, umas vezes em Marte, outras vezes na Lua
Outras vezes à procura do que nunca vou encontrar!
O caminho por entre os arbustos e árvores esparsas, levaram-nos até aos cedros, durante todo o percurso, os viajantes olhavam de vez enquando por cima dos ombros, no entanto não trocaram qualquer palavra.
Quando se aproximaram, rapidamente se aperceberam que estavam no caminho certo:
- Cavaleiro, se ainda me quiserdes seguir, dentro de três horas e um pouco de sorte, estaremos a entrar na minha aldeia.
- Clarence, eu sei que não fui muito cortês com a tua fé. Mas continuo a aceitar a tua generosa oferta. Desculpa a minhas palavras sobre a tua gente. Mas acredita que do mundo de onde venho, alguns insensatos colocaram a sua fé ao serviço dos seus interesses e não deu bom resultado!
- Compreendo, mas eu fui educado nestes moldes! Os meus antepassados também e digo-vos que se não acreditarmos em alguma coisa nos tempos que correm
O caminho, tornou-se claro, tinha sido calcorreado por uma quantidade de gente com muita pressa. Os sinais da passagem da turba eram evidentes, aqui e ali o repisar das ervas e as pegadas que o pejavam, davam a entender a velocidade de quem o tinha tomado.
- Iam com pressa, provavelmente nem nos tinham visto!
- Oxalá a minha aldeia tenha escapado à investida destes filhos dos demónios. Não estou a gostar nada disto, se não vos importardes, apressaremos o nosso passo.
Enquanto dizia isto o bufarinheiro, incitou o burro a andar um pouco mais depressa, o cavaleiro acompanhou-os, sem comentários.
Os temores do dono do burro eram por demais evidentes, o seu sobrolho franzido demonstrava bem o seu pavor.
- Bom homem tentou de um modo apaziguador Está descansado, eles provavelmente eram um pequeno grupo que não se atreveria a enfrentar uma aldeia inteira, para além disso, deve ser com tu dizes, nós nem estávamos nos seus planos!
- Provavelmente tendes razão, mas não estou minimamente descansado!
A aridez do local foi-se tornando evidente, a quantidade de árvores e pequenos arbustos foi rareando.
-Vamos entrar num pequeno deserto, vedes ali aqueles pequenos morros, a partir daquele local teremos uma hora ou mais um pouco onde só veremos cardos secos e pó. Nada demais, mas estaremos durante esse tempo todo a descoberto. Depois entraremos outra vez em terreno fértil
- E como se chama este pequeno deserto? Perguntou o cavaleiro.
- Bem nós chamamos-lhe o deserto das Duas Muralhas. Dizem que aqui se deram duras batalhas. De tempos a tempos o vento deixa a descoberto algumas construções. Segundo a lenda, havia dois reis que quiseram dominar este lugar. Mas para o guarnecerem tiveram que trazer pedras e homens de muito longe. Foram tantas as dificuldades que no final só restaram as muralhas e os dois reis que as mandaram construir. Um de cada lado e assim acabaram os seus dias a vaguear e a comandar ataques de fantasmas. Não é caminho que eu aconselhe à noite, muito menos a desconhecidos. No entanto é a única maneira de não perdermos um bom par de horas a torneá-lo e a chegar mais depressa à minha aldeia.
- Bem pelo menos temos a certeza que não passaram por aqui! Vê Clarence, as pegadas dos nossos inimigos não vêm do deserto!
- Tendes razão, mas não me diz de onde eles vieram! Podem ter vindo de lá, este caminho é o mais rápido mas nem todos o conhecem.
Entraram definitivamente naquele ermo, a terra transformada em pó, não dificultava a passada. O ocre levantado por pequenos redemoinhos foi-se entranhando nas roupas e nas peles. Aos poucos as cores das vestes deixaram de se notar, os dois homens e o burro tingidos pela mesma cor pareciam figuras erráticas no meio do nada.
O esforço dos homens era apenas vincado pelo suor que empastava as frontes e lhes dava um ar estranho. O burro também incomodado, apressava-se a tentar sair daquele lugar. Ninguém falava, poupavam literalmente as forças para que aquela penosa jornada parecesse mais curta.
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