Tinha que me controlar, esta minha boca ainda podia ser o meu fim, dificilmente poderia explicar aos meus pais uma súbita aparição, fora do período de ferias.
Outra bronca na aula de português e estava completamente acabado e em desgraça.
Decidi comportar-me como um cavalheiro. Por essa altura estávamos a dar em filosofia, o Cepticismo Prático, o Padre Jorge, filosofo de plantão, tentava explicar que esse tema filosófico se centrava num pensamento em que, em toda a proposição cientifica haveria sempre outras contrárias e que portanto deveríamos vive-las sem discuti-las. O que Pírron, 300 anos antes de Cristo se deu ao trabalho de inventar. O Padre Jorge para rematar a sua explicação, contou uma piada de como um dia, esse filosofo, foi encontrado a correr com um cão atrás pelas ruas de Atenas, e um seu discípulo lhe perguntou: Mestre esse cão não é real, porque fugis diante dele?, ao que Pírron respondeu: O cão não, mas os seus dentes sim.
Depois desta piada e desta explicação passei a comparar o novo companheiro de turma da Isabel como um novo céptico. Ele não se sentia atingido pelas mamas da Isabel, porque para além de usar óculos, a Isabel não estava lá e portanto as mamas dela não lhe faziam levantar a testosterona.
No entanto mantinha escrupulosamente o controlo das mãos do seguidor da nova filosofia debaixo de olho, não fosse o diabo tecê-las. Para além disso era sempre de desconfiar de um tipo que para além de ser demasiado religioso, era um marrão e que só não tinha ido para um seminário por ser filho único.
Estava escrito que o ano não ia acabar bem, embebido pelas palavras de Gil Vicente, recitadas pelo Submarino, o Emídio, brincava distraído com a Bic, de repente, sem que ninguém suspeitasse, aconteceu, a tampa da caneta, saltou e foi-se alojar no meio dos seios da Isabel. O lerdo do Emídio, olhava desmesuradamente para a tampa que desaparecia naquele rego tentador. A Isabel aproveitando a deixa perguntou: Porque não a tiras?. O inocente quase sem olhar tentou tirar a tampa e a Isabel aproveitou para se mexer, fazendo com que os dedos do Emídio lhe tocassem levemente. Nessa altura impulsionado por um grito de revolta, que me saiu da garganta, o Submarino, olhou e viu aquela mão naqueles seios enormes.
Fomos expulsos os três, e levados de imediato para a porta do Reitor. Pelo caminho eu ia provocando a Isabel e o Emídio. A Isabel corava, o Emídio benzia-se e o Professor recalcitrava, mandando-me calar e dando azo à minha imaginação com a minha saída extemporânea do Colégio.
Quando chegamos à porta do gabinete do Reitor, Emídio, o céptico, ficou especado, o Professor depois de um minuto de reflexão e resmungando qualquer coisa sobre a impossibilidade de tentar explicar ao Reitor que o santo lá da casa tinha apalpado a Isabel, desapareceu, deixando-nos aos três em frente da porta e isolados naquele vasto corredor.
O Emídio ainda a benzer-se e em transe, foi encontrado pelo Reitor, tentaram um exorcismo mas ele nunca mais recuperou do choque e transformou-se num boémio.
O Professor desistiu de dar aulas.
A Isabel e eu depois de uns grandes marmelanços que começaram logo que saímos dos corredores naquele dia, nunca mais nos encontramos, mas certamente ainda nos havemos de rever naquelas tristes figuras.
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