Levantou-se do túmulo, sacudiu as vestes dignamente e materializou-se na esplanada da Brasileira, cumprimentou a estátua que ocupava a cadeira do lado, muito parecida consigo, por sinal. Desembaciou os óculos com o guardanapo de papel que acompanhava o pastel de nata e a bica em chávena aquecida. Leu as notícias do jornal que o cliente anterior deixara descuidado em cima da cadeira. Voltou no outro dia, repetiu cada passo, cada gesto, mas desta vez precisou de pedir o jornal emprestado.
Incrédulo e de olhos abertos de espanto, caíram-lhe os óculos para a ponta do nariz.
Decididamente nada tinha mudado, as notícias já tinham ultrapassado o prazo de validade, os políticos continuavam iguais, o povo, incauto e cinzento, acreditava ainda com mais força nas mentiras que lhe iam impingindo dia a dia. Constatou apenas, que o preço do café, do pastel de nata e do jornal tinham aumentado e que havia uma nova religião chamada futebol.
Voltou para o seu eterno descanso, prometendo que se voltasse, viria acompanhado por um fulano chamado António Oliveira, mais conhecido por Salazar, só pelo prazer de lhe dar razão: continuava tudo como dantes.
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