Bem eu conheço a ilha e como podes calcular bem demais, dois anos e dois dias é muito tempo. Para além disso, conheço histórias pitorescas de açorianos e não açorianos, então de"coriscos mal-amanhados", ainda mais. Quando tiver um bocadinho de tempo conto-te mais algumas, para te aguçar o apetite vou contar apenas esta, e como não é original, pensei se o devia publicar no meu blog. Como sabes, aquilo é uma sociedade muito fechada, e não dizem mal deles no seu meio, mas esta foi-me contada por um amigo, uma pessoa que morreu à uns anos, muito novo, o nome era Henrique Álvares Cabral (descendente directo do dito descobridor), era a pessoa mais desbocada e divertida que eu conheço, um bocado difícil naquelas almas, mas enfim, lá vai a história, antes porém outro parêntesis só para contar que nós lá tratávamos o Mota Amaral, de seu nome completo João Bosco do Mota Amaral, carinhosamente de: S. João Bosco, mas continuemos...
O Mota Amaral, saía todos os sábados de manhã para ir trabalhar no palácio do governo, quando era apenas Presidente do Governo Açoriano, por acaso situado na mesma rua onde ele habita, com a sua mãezinha. Tinha na altura um gabinete que ficava no 2º andar e para lá chegar tinha que se subir uma escadaria com imensos patamares. O Mota Amaral tinha ainda um amanuense, chamado João, obrigado a trabalhar aos sábados e que aproveitava quando ele entrava no gabinete, para dar uma escapadela até ao mercado para fazer compras do fim-de-semana. Normalmente o Mota Amaral nunca precisava dele, mas um dia havia um recado qualquer para dar e o Mota Amaral veio à procura do João. Como não o encontrava começou a chamar:
- Ó João, Ó João onde estás tu
Na verdade o João acabava de entrar no edifício, vindo do mercado, e começava penosamente a subir aquela escadaria.
Em simultâneo com a chamada do Mota Amaral, o João estafado pela caminhada e pelo peso dos sacos, pousa-os e diz alto em desabafo:
- Ai meu Deus...
O Mota Amaral incrédulo e circunspecto responde:
- Eu já te disse ó João que na intimidade me podes tratar por Senhor Doutor.
In memória de Henrique Álvares Cabral.
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